Por: Gabriel Moreth e Désirée Alves

Atualmente, o número de smartphones quase ultrapassa o número de computadores. Só no Brasil são mais de 70 milhões de aparelhos, segundo a Exame . Esses aparelhos, já acoplados com câmeras, mesmo que de baixa resolução, tornaram as câmeras portáteis quase que obsoletas e fizeram surgir um grande debate entre os fotógrafos profissionais.
Com a tecnologia em alta, é mais do que marcante a presença de pessoas com smatphones, tablets e máquinas amadoras registrando momentos e isso tem se tornado um problema cada vez maior para profissionais escalados e contratados para as fotos oficiais dos eventos. O combate é inevitável, principalmente em eventos como festas de 15 anos, casamentos, noivados, batizados, shows e eventos em que a presença do público é direta, sem um isolamento para os fotógrafos contratados ou credenciados, explica Freitas, o fotógrafo oficial do Domingão do Faustão. Por mais que a organização do evento explique ao público que não saiam dos lugares marcados ou levantem durante a entrada ou saída dos protagonistas da festa, na “hora H” todos levantam, atrapalham as fotos e comprometem o trabalho do profissional contratado, dificultando ainda mais o seu trabalho e a qualidade das fotos finais.
Em um mundo onde todos estão conectados a todo o momento, simplesmente fazer uma fotografia não é o bastante se ela não for compartilhada. E talvez por isso os convidados da festa se destacam e “roubam” o lugar do fotógrafo. Segundo a revista Info Exame , no final de 2013 o Brasil já estava entre os cinco maiores países no Instagram. Os usuários do aplicativo podem fazer uma fotografia, editá-la no mesmo momento, aplicar filtros e efeitos na imagem e compartilharem com o mundo em uma velocidade muito maior do que a dos fotógrafos profissionais. Outro aplicativo que vem buscando seu espaço é o Mobli, também americano como o Instagram, e que já conta com 2 milhões de usuários brasileiros, dos 12 milhões no mundo.
Segundo Paulo Lima, portador de um Iphone 5s, “a câmera do Iphone não tem a mesma qualidade de uma profissional, mas conta com recursos muito úteis na hora de tirar foto como foco, HDR, ajustes de branco, contraste, cor, além de filmar em full HD. Mesmo tendo apenas 8 MP, foi otimizada com recursos para torná-la um diferencial dos outros celulares, sendo uma excelente ferramenta para que não pode carregar uma câmera profissional e pode surpreender até mesmo os mais exigentes.”
Essa nova geração de “fotógrafos do Instagram” fazem com que o trabalho dos fotógrafos profissionais sejam desvalorizados pela crença de que qualquer um pode fazer fotografia hoje em dia. Há quem diga que a profissão de fotografia nos tempos atuais é mais por paixão do que propriamente por profissão. Vemos que muitos fotógrafos nos tempos atuais, em sua maioria experientes desde a época da fotografia antiga (antes mesmo da fotografia digital) comentam a facilidade de “ser fotógrafo” atualmente.
A fotografia digital trouxe muitas facilidades como a rapidez na edição e armazenamento das imagens, como afirma o fotógrafo Cid Costa Neto, em seu blog . Ele alerta também para os erros, pois antigamente como a fotografia custava caro, os erros eram menores. Segundo Cid, por conta da fotografia digital, o cliente se preocupa mais com o pacote, ou seja, quanto mais serviços e fotos melhor, se importando diretamente com a quantidade e não com a qualidade do serviço prestado. Cita os sites de compra coletiva como reforço do conceito de quantidade x qualidade, em que os clientes compram ensaios fotográficos com edição de fotos, maquiagem e estúdio por preços que nem mesmo cobririam os custos que o profissional está gastando para pagar por tudo que está usando e mais a divulgação, já que cerca de 50% do que ele ganha vai como comissão para o site anunciante.
Já o fotógrafo Daniel Gonçalves , descreve que muitas pessoas que se dizem fotógrafos cobram preços baixos simplesmente para oferecer o serviço, fazendo uma concorrência desleal, e com isso não conseguem calcular e cobrar pelo serviço, tendo por base gastos, manutenção e upgrade de equipamentos e lentes. Isso muitas vezes ocorre com profissionais recém-formados, que não sabem ainda quanto cobrar e que querem construir seu portfólio e cartela de clientes a todo custo.
Esses novos profissionais de fotografia se lançam no mercado a cada dia. Primeiro pela crença já citada de que qualquer pessoa pode fazer fotografia, o que não deixa de ter seu lado verdadeiro. Basta que tenha boa vontade para aprender, dinheiro para investir e tempo para praticar. Um bom fotógrafo precisa estar atento a tudo a sua volta e desenvolver um olhar diferenciado. Para esses novos profissionais, o melhor caminho é buscar a especialização em um curso, sejam eles livres ou técnicos.
Com a grande demanda de pessoas interessadas em aprender a fotografar, mesmo que apenas como hobby, a procura por cursos vêm crescendo. No Rio de Janeiro, o SENAC oferece dois tipos de curso (sendo um básico e um avançado), em praticamente todas as suas unidades, com turmas lotadas. Contudo, será que uma pessoa que possui equipamentos fotográficos e aprende em um bom curso de fotografia já poderá ser considerado um fotógrafo profissional? Sim, informa o fotógrafo Freitas, do Domingão do Faustão. Para ele, o fato de uma pessoa adquirir experiência em um bom curso de fotografia e possuir os equipamentos necessários para fotografia profissional, o fotógrafo recém-formado já poderá ser considerado um fotógrafo profissional, mas alerta para a experiência de trabalhos, pois como o profissional está começando, não possuir um portfólio pode causar preocupação para quem o estiver contratando.

Fontes:

1- Exame, 29/05/2013 – exame2.com.br/móbile/tecnologia/noticias/Brasil-e-o-quarto-pais-do-mundo-em-número-de-smartphones
2- Info exame, 12/12/2013 – info.abril.com.br/noticias/internet/2013/12/Brasil-esta-entre-os-cinco-maiores-paises-no-instagram.shtml
3- Foto Fácil, 22/02/2011 – http://www.foto-facil.com/2011/02/desvalorizacao-do-fotografo-pelo.html
4- Fotografia Campinas, 27/02/2012 – http://fotografiacampinas.com.br/a-desvalorizacao-de-um-fotografo-parte-i

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